O que é a uniformização de critérios para cada um dos personagens do mundo do futebol?
A) Para o torcedor comum, pelo fato de existirem Regras no Futebol,
1- o simples cumprimento delas durante o jogo já melhoraria o nível da arbitragem de futebol.
B) Para o jornalista esportivo e demais entendidos,
1- o cumprimento delas deve ser indiscutível e
2- devem ter um critério uniforme de interpretação.
C) Para as comissões de arbitragem,
1- é importante deixar os árbitros atualizados com as regras de futebol,
2- determinar os critérios de interpretação e
3- garantir que eles não sofram pressão de cartolas dos times grandes.
D) Para os árbitros de futebol,
1- há a necessidade de cumprir as regras,
2- ter uma uniformização de critérios,
3- existir a garantia de que seus chefes não sucumbirão aos vetos dos dirigentes esportivos e
4- saber o que a “Comissão de Árbitros quer” quando os orienta.
Tudo isso pode ser observado num campeonato de futebol, fazendo alguns questionamentos, como: O árbitro está “afinado” com as regras? Ele apita de maneira independente, sem tendenciar a favor de time grande? Está bem orientado pela Comissão de Arbitragem, que claramente buscou orientar aos seus juízes um critério único, indiscutível, que todos tenham ciência?
Lamentavelmente, vemos árbitros tomando decisões diferentes em partidas de um mesmo torneio, em lances idênticos. Não é simplesmente “questão de interpretação”, mas a falta de uma objetiva orientação por parte dos Cartolas do Apito.
Quer um exemplo disso?
Simulação de atletas! Tem árbitro que manda o jogador levantar, outros advertem verbalmente, alguns dão Cartão Amarelo ou outros ignoram a simulação e simplesmente deixam o jogo seguir.
Me recordo nos anos 90, na última Cartilha de Uniformização de Critérios que li, produzida pelo prof Gustavo Caetano Rogério. Lá, por exemplo, era claro: se o jogador simular e reclamar, deve dar o Cartão Amarelo. Se o jogador cair por força do lance (sem ser simulação) e reclamar, adverte verbalmente. E por aí iam os detalhes para que os árbitros não tivessem a desculpa de que “tudo fosse interpretação”.
Mas reside ainda outro problema: a qualidade dos nossos dirigentes de arbitragem e instrutores. Poucos na América do Sul demonstram seriedade e competência. No Brasil, há (e defendo faz tempo) a necessidade de abandonar a paixão que se tem por Ubaldo Aquino, Jorge Larrionda e outros que praticamente vivem no país orientando os árbitros. Temos que trazer europeus de primeiro nível para melhorar a instrução ao quadro.
Tenho a memória bem fresca e com anotações em meus cadernos da época (sempre fui caxias em registros): o Prof Gustavo que citei acima, na FPF, cobrava dos árbitros para que não fossem ADMINISTRADORES de partidas, pois essa não era a função do juiz de futebol. O árbitro deveria ser cumpridor das leis do jogo, pois se resolvesse administrar a partida (que significa: picar o jogo com faltas, segurar os lances, soltar a contenda, por exemplo), ele acabaria se tornando “fazedor de media”. A pré-temporada começava 10 dias do início do Paulistão e os árbitros saíam dela direto para os jogos – treinados, atualizados e bem condicionados fisicamente. Me recordo, inclusive, que nos anos 2000 ficamos 10 dias hospedados e fomos direto da concentração para Limeira a fim de trabalhar na abertura do Paulistão: Internacional x Palmeiras, com Seneme no apito, Ana Paula na bandeira 1, Aline Lamber na bandeira 2 e eu como quarto-árbitro.
Neste ano, veremos essa uniformização?
Imagem: reprodução CBF
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